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ASFALTO QUENTE
Ana Reis

Para alguns o Silêncio. Para outros a Palavra.
Sou de palavras, busco-as,
Mesmo as contidas no silêncio.

Nossas mãos denunciaram o que não pudemos dizer.
E desde então, palavras.
Chuva de palavras, muitas, inúmeras!
Palavras ditas, escritas, inventadas.

Estás guletinha hoje, o que passou?
Palavras abundantes.
Aguardava rever sua luz verde-dourada,
Tanta energia e paixão.

Chegou o dia!
Carregado pela noite ele veio.
Noite de alegria, entusiasmo.
Mãos nervosas, olhares delatores.

E a noite se foi, como um sonho.
Amanheceu.
Chuva!
Sim, frio.

Foi!
Sentia, via movimentos,
Ondulações.
Pura ilusão!
Era asfalto quente vaporizado.

Tudo terminou!
Ali mesmo,
Sem uma única palavra.

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